Como precursor da Defesa da Vida Animal, onde milito desde os anos 80 doando animais carentes em nossa clínica, sou entusiasta do momento que o tema vive em nossa Região. Temos muitos defensores, elegemos representantes comprometidos com a causa em toda Baixada, e avançamos muito, como com a criação do Parque de Cães feito pelo prefeito Paulo Alexandre na Praça do Sesc, em Santos.
Mas, é preciso bom senso, inclusive na Defesa da Vida dos Animais. Há muita vontade de fazer que precisa ser canalizada para produzirmos conquistas sustentáveis. Não sou favorável ao PLC 14/2019, do vereador Benedito Furtado (um entusiasta da causa que merece respeito), que quer proibir a concessão e
a renovação de alvará de licença, localização e funcionamento de canis, gatis e estabelecimentos comerciais de animais domésticos. Já aviso que não sou dono de estabelecimentos desse tipo. Porém, penso que a questão é outra.
Nem todo canil ou gatil maltrata animais, assim como nem todo político é ladrão. A exceção não pode ditar a regra. É uma atividade importante, que gera receitas e que permite a famílias e crianças a terem os animais das raças que desejam, sem maltratar nenhum deles. Temos que lutar por fiscalização nesses estabelecimentos e não a finalização deles.
Importante salientar que tramita na Câmara Federal desde 2015 o Projeto de Lei 3984, do ex-deputado Goulart (PSD-SP) que quer proibir a venda de animais em petshops, permitindo apenas nos criadouros próprios. É uma forma de acabar com a revenda e um projeto mais crível à causa. Deveríamos lutar pela pautação disso ao invés de municipalizarmos o que pode ou não ser vendido, que é uma questão que envolve todo o país e sua cultura, com todo
respeito a vida dos bichinhos.
Outra pauta da Vida Animal na moda é a campanha “Vai ter Cachorro na Praia em Santos”, propagada pelo técnico Jorge Sampaioli, do Santos FC, que divulgou o tema em uma coletiva do clube. Outro ponto complexo que me posiciono desfavoravelmente, por bom senso e principalmente preocupação com a vida dos animais.
Hoje, a Lei Municipal 3.531/1968 proíbe cães e gatos na faixa de areia da praia, com multas de até R$ 500,00. Os cães e gatos na praia só no colo dos donos. A lei foi criada para evitar a contaminação por bicho geográfico e doenças como a toxoplasmose.
Mas, tem outra preocupação importante que é a própria Saúde dos cães e gatos na areia. A balneabilidade das praias santistas não é a ideal há anos. Essa água poluída pode sim causar doenças nos animais. Se entrar no mar, e a água
entrar no ouvido, os bichos podem ter infecções nas orelhas por causa de fungos e bactérias, algo semelhante a otite dos humanos. Outro ponto são os olhos. Os animais são susceptíveis a conjuntivites em virtude dos raios solares e da areia, ficando com vermelhidão nos olhos, lagrimas e com os olhos coçando.
Aconselho aos defensores da vida animal, tão importantes e vitais na sociedade, a conversarem com os veterinários antes de proporem ações. Afinal, de bicho, a gente entende e estuda para isso. Nós devemos buscar mais parques públicos, semelhantes ao da Praça do Sesc, na Zona Noroeste e mesmo no Emissário Submarino. Espaços onde os animais poderão interagir e brincar sem perigo. Afinal, manter a Saúde deles e melhorar sua qualidade de vida é o que todos queremos. Com bom senso e inteligência, e comprometimento avançaremos ainda mais na Defesa da Vida Animal.
–Eduardo Ribeiro Filetti é médico veterinário pós-graduado em Saúde Pública e professor universitário