Próteses para corrigir problemas ósseos não são mais exclusividade de seres humanos, graças à iniciativa pioneira do veterinário Eduardo Ribeiro Filetti de Santos, São Paulo. Filetti e seu irmão, Celso, também veterinário, mantém uma das mais modernas clínicas veterinárias do Brasil, onde além de creche para animais abandonados, são oferecidos atendimento odontológico, exames de ultra-sonografia, fisioterapia, eletrocardiograma, raio-X e tratamento estético. Numa das 21 salas funciona a Oficina Veterinária – onde são feitas as próteses de aço, cromo e níquel. Professor de Fisiologia Animal na Universidade de Santos, Eduardo Filetti explica que, antes de eles começarem a fabricar as próteses, os veterinários tinham que adaptar nos animais pios e placas metálicas forjadas para seres humanos. Além da inadequação – o tamanho e o formato das próteses humanas são geralmente diferentes da necessidade anatômica animal – o alto preço, entre Cr$ 70 e 120 mil, das próteses humanas muitas vezes levava o proprietário do animal ferido a desistir dessa solução. A desistência podia significar a amputação de uma pata, um aleijão ou até o sacrifício do animal. Os preços muito inferiores das próteses fabricadas pelos irmãos Filetti – em torno de Cr$ 5 mil – passou a permitir que muitos animais voltassem a ter vida normal. Cinco anos depois do início da oficina aproximadamente 200 cães e gatos em todo Brasil vivem atualmente com pinos em placas fabricados na oficina, estima o criativo veterinário, Celso Filetti, o irmão do responsável pela Oficina Veterinária, molda o pino ou placa de acordo com cada caso, cujas especificidades são avaliadas por exames de raio X. Eduardo, formado pela Universidade Federal Rural do Rido de Janeiro, aprendeu a técnica no Rio com um velho mestre japonês, Shindo, que fabrica próteses. Na oficina também são moldados aparelhos ortodônticos para corrigir a arcada dentária de animais, além de aparelhos para tratamento de palatite em cavalos – uma inflamação no céu da boca muito comum em cavalos que só comem ração, segundo Eduardo Filetti. O aparelho, feito no formato e tamanho do céu da boca de cavalos adultos ou potros, é usado para cauterizar a inflamação, o que antes só era feito com colheres, uma forma precária de tratamento que podia machucar os dentes do animal. Amantes dos animais desde a infância, os irmãos Filetti estendem todos os exclusivos benefícios da Clínica Filetti também a animais de rua. Em três salas, os veterinários mantém entre 40 e 50 animais de rua ou silvestres – até uma jiboia com dentes quebrados já foi parar na clínica – que são levados pela população da cidade para tratamento e posterior encaminhamento para adoção. Os animais silvestres são reintroduzidos na natureza quando ficam sadios.