Eduardo Ribeiro Filetti

A gripe aviária é causada por um vírus classificado com orthomixovirus do grupo A, tipo aviário. Há três grupos de vírus de influenza: A, B e C. Esses três grupos ocorrem em humanos. Apenas o grupo A infecta diferentes espécies, animais e humanos. Os vírus influenza A são comumente encontrados em aves aquáticas, como gaivotas, patos, cisnes, gansos, marrecos, trinta-réis, maçaricos. Essas aves compõem o reservatório natural do vírus de influenza. Elas podem ser portadores do vírus e excretar pelas fezes, em muitos casos não desenvolvem a doença sendo portadores assintomáticos.

As aves domésticas, como galinhas e perus, não são consideradas reservatórios do vírus influenza, mais são sensíveis à infecção por vírus transmitido por aves silvestres. Porém, as aves que se recuperam da fase aguda da doença podem ficar eliminando o vírus por semanas ou meses, após o final dos sintomas clínicos.

Alguns mamíferos marinhos, como os lobos e leões marinhos, focas, baleias e martas podem esporadicamente serem afetados pelo vírus. Pesquisas recentes (2022) detectaram o vírus da gripe aviária em urso preto, leopardo, tigre suíno e cães.

O ciclo natural do vírus ocorre primeiramente a transmissão viral entre as aves silvestres e destas para as aves domésticas. Podem raramente ocorrer transmissão de aves para suínos e dos suínos para humanos e de humanos para suínos. Geralmente humanos envolvidos no tratamento com aves que são acometidos.

Os principais sintomas da doença são espirros, perda de peso, anemia, tosse, secreções nasais, emagrecimento, alterações no sistema nervoso e grande mortalidade. Existe uma mortalidade muito acima do normal de ave, podendo ser superior a 60%. O médico veterinário especialista em aves e em doenças infecto contagiosas deve ser contatado para exame destas aves e após exames concluir a doença. Em galinhas contaminadas há queda da postura. Existem algumas aves que morrem muito rápido sem apresentar sintomas e devem ir direcionadas à necrópsia. Ovos moles, hemorragias nas patas, alterações nas cascas do ovo, fraqueza e hemorragias podem também estar entre os sintomas da doença em aves de postura. Não existem vacinas licenciadas no Brasil. O meio de transmissão mais comum para aves domésticas é o contado com animais silvestres infectados ou secreções, como fezes e fluídos corporais. Água e objetos contaminados também podem passar a doença.

Medidas preventivas devem ser tomadas para evitar graves problemas com o mercado nacional e internacional, como o confinamento de aves, que são criadas de maneira livre, evitar o contado com aves silvestres, galpões telados e inspecionados diariamente, monitoramento constante do comportamento das aves e afastar rapidamente as que apresentarem quaisquer sintomas, diminuir o número de pessoas dos locais das aves, higiene completa dos comedouros, bebedouros e dos locais.

Eduardo Ribeiro Filetti é médico veterinário, professor universitário, pós graduado em Saúde Pública e membro da Academia Santista de Letras.