Gatos e cães do sexo masculino desconhecem absolutamente seus filhotes, ao contrário dos homens, quem mantém um relacionamento familiar intenso. No entanto, de um modo geral, os machos costumam ser dóceis com os filhos pequenos, pois ficam atraídos pela sua fragilidade. Os cães, principalmente, tratam bem os filhotes quando estes ainda são fracos. Há, porém, algumas raças que preferem se manter à distancia, pois não tem paciência para as brincadeiras dos menores. Os Terriers e os Poodles são um exemplo. “Entre os cães há um instinto de acasalamento”, explica Lígia Conway Lima Broglia, do canil Broglia Hill´s . “Os cachorros ao tem a mínima idéia de que os filhotes nasceram porque eles cruzaram com as fêmeas”, diz. Apesar disso, há raças mais pacientes, como Boxer, Dálmata, Collie e Fila Brasileiro, que fazem parte do grupo que acompanha as brincadeiras dos filhotes, sem agressões ou reações extremadas – é claro, em toda regra pode haver uma exceção. Depois que eles crescem, porém, é difícil que a convivência pai-filho continue a mesma. Muitas vezes, esse relacionamento se torna impossível. A disputa pela fêmea e o cheiro do macho, por exemplo, são motivos para criar vários pontos de discórdias entre eles. Nesse caso, só a separação resolve o problema. Quanto a deixar os machos perto da fêmea na hora do parto, não é muito aconselhável. A sua presença pode deixa-la nervosa, atrapalhando o nascimento. Os gatos não diferem dos cães quanto ao espírito de família. Para eles, não interessa se os filhos são ou não deles. Segundo o médico veterinário Eduardo Ribeiro Filetti, “o macho pode até brincar com o filhote, mas ao porque é pai. O gato é muito infantil. Se você jogar uma bolinha para um filhote brincar, pode contar que o adulto vai correr atrás também”. É da índole felina ser carinhoso com os menores. Mas este carinho, na certa, acabará depois que o filhote se tornar adulto e, como no caso dos cães, começar a conquistar a fêmea. Rudge Schwertner, criadora de gatos sagrados da Birmânia e diretora social do Clube Brasileiro do Gato já teve que dar um filhote depois que ele se tornou adulto. “Enquanto era pequeno e não tinha cheiro de gato macho, tudo bem. Depois que o pai começou a distinguir o cheiro, a convivência entre eles se tornou impossível. A solução para o problema foi dar o filhote”, diz. Já os pássaros agem de forma diferente. Possuem o sentimento de família. O médico veterinário dr. João Carlos Fernandes Ferreira conta que durante o choco, o macho chega mesmo a sentar no ninho para chocar os ovos. E depois de nascidos os filhotes, o pai ajuda a mãe na alimentação. “Um dia antes dos ovos quebrarem, a fêmea sai do ninho para tomar banho e ficar com as penas molhadas para amolecer a casca. Neste período, quem fica chocando no ninho é o macho”, diz dr. João Carlos. Há ainda casos em que a fêmea simplesmente abandona os filhotes para começar outra postura. Entra em ação também, o pai passarinho, que segundo o médico veterinário, é o animal mais dedicado da natureza. Ele alimenta os filhotes até que estes estejam adultos os suficiente para voarem sozinhos. Na natureza, outros pais cuidam dos filhotes também, como é o caso do sagüi que o carrega o tempo todo e só o leva para a mãe na hora de amamentar. Você já imaginou acontecendo o mesmo com os seres humanos ? Imagine. Publicação: A Tribuna – Terça-feira – 15/08/1989 – Seções – Bichos & Cia – Página 22 – por Paulo Eduardo Costa