Santos – De acordo com resultados apresentados pelo Laboratório de Análises Clínicas da Secretaria de Higiene e Saúde (Sehig) da Prefeitura, todos os onze gatos apreendidos pelo Serviço de Combate às Pragas (Sercopra) no més passado estavam contaminados pelo verme transmissor da larva migrans, mais conhecida como bicho geográfico. As larvas saem dos ovos eliminados nas fezes desses animais e, eventualmente, penetram nos organismos humanos. Uma vez no corpo, as larvas não conseguem transpor a pele e passam a percorrer longas extensões, deixando marcas causadas pelas inflamações, que se assemelham a mapas, daí o nome. A permanéncia dos gatos nos jardins é motivo de polémica há pelo menos trés anos e meio, quando ao início da atual administração, a prefeita Telma de Souza (PT), os animais começaram a ser recolhidos pelo Sercopra. Entidades protetoras de animais e pessoas simpatizantes dos gatos reclamaram, mas a Sehig argumentou um problema de saúde pública para as apreensões. Na lista dos insatisfeitos está o ex-prefeito e atual deputado Oswaldo Justo (PMDB), candidato à reeleição. Justo foi quem incentivou a povoação dos jardins com gatos, em 85, sob o pretexto de matar ratos, chegando ao ponto de instalar abrigos para os felinos. Nesta semana deve ir ao ar durante o programa eleitoral gratuito de Justo na televisão o aposentado Fausto de Mello, que se diz amante dos gatos. “Os animais não fazem mal a ninguém, tenho trés em casa. Há anos dou comida para os da praia, só não levo todos pra mim porque não tenho espaço”. Ele vai pedir votos para Justo, alegando a preocupação do deputado com os animais. Para o veterinário Eduardo Filetti, que cuida em sua clínica de gatos e outros animais abandonados, para posterior doação, existe uma grande exploração “eleitoral” em cima do problema. Para ele, ninguém está realmente interessado pelos felinos. “O ideal seria a castração dos animais da praia e se possível arrumar um lar para todos”. Segundo Cláudio Maierovitch, coordenador do Centro de Controle de Doenças da Sehig, não houve uma alta de casos diagnosticados de bicho-geográfico, mas existe o risco, não só por causa dos gatos mas também pelos cachorros que os banhistas insistem em levar à praia. No auge da presença dos gatos nos jardins, chegaram a ser contabilizados mais de 180. Hoje há aproximadamente 60 deles.