O registro gráfico das correntes elétricas originárias do músculo cardíaco – eletrocardiograma – deixou de ser privilégio dos seres humanos, nos quais ele é feito para um melhor diagnóstico de numerosas doenças do coração. Já hà algum tempo, os médicos veterinários passaram a utilizar o também o eletrocardiógrafo para diagnosticar com mais precisão as patologias cardíacas, ou não, em cães e gatos, e os resultados têm sido bastante satisfatórios.

O aparelho é o mesmo usado no ser humano, com pequenas adaptações, visando conecta-lo ao animal. No mais, o procedimento é idêntico, variando apenas os parâmetros quanto aos batimentos cardíacos. Um cachorro de tamanho médio pode apresentar entre 70 e 160 batimentos por minuto. Já num filhote, as batidas poderão chegar a 220, enquanto as de um animal pequena deverão ir até 180.

Em Santos, a Clínica Veterinária Filetti dispõe de eletrocardiógrafo, e segundo os médicos Eduardo e Celso Ribeiro Filetti sua utilização vem auxiliando muito na identificação de várias doenças em cães e gatos. Eduardo lembra que, em alguns casos, embora o problema não se localize exatamente no coração dos animais, esse órgão acaba sofrendo alterações. “Na filariose (infecção causada por verme e que provoca insuficiência cardíaca no portador) o exame de sangue detecta a existência do mal, mas o quando o coração foi lesado somente pelo eletrocardiograma é possível apurar”.

Celso Filetti, por sua vez, comenta a importância do exame para o médico ganhar tempo no tratamento de determinadas doenças. “A parvariose ataca o intestino do animal e antes de provocar sintomas geralmente causa miocardite, lesando o coração dos filhotes. O eletro possibilita a definição mais rápida das providências a serem tomadas”. O veterinário fala ainda da maior tranquilidade que o eletro pode oferecer aos donos de animais com idade avançada ou que desmaiam com frequência, assim como aos próprios veterinários, durante as cirurgias. é que por meio de um alarme sonoro acoplado ao monitor eles podem acompanhar a frequência dos batimentos cardíacos, enquanto operam.
Já no tratamento de males diversos, o eletro muitas vezes evita que animais cardiopatas recebam drogas prejudiciais.

Para o presidente da Associação dos Médicos Veterinários do Litoral Paulista, Sérgio Godoy, todo serviço que venha a contribuir par um diagnóstico é válido. “é importante aprimorar o atendimento”, diz ele. Agora, o que não se admite é o uso do aparelho em casos desnecessários. Isso fere a ética profissional;, comenta Sérgio Godoy.

Publicação:
A Tribuna – Domingo – 19/03/1989 – Local – Pàgina 11