Jornal Vicentino – O JORNAL QUE VElO PARA FICAR
São Vicente, 17 de janeiro de 2009


Chega o verão e a história se repete. Por contar com um amplo espaço e, geralmente, um clima agradável nessa época do ano, as praias da Região ganham um grande número de cachorros. Há quem aprove, mas há também quem torça o nariz para a presença do melhor amigo do homem na areia.

A areia da praia é um ambiente que contribui com o desenvolvimento de vermes adultos. Uma das doenças transmitidas por meio do contato com as fezes de cães infectados e, freqüentemente, adquirida por pessoas na praia é a Larva Migrans Cutanea, mais conhecida como “bicho geográfico”. É uma doença de pele transmitida por larvas de um parasita intestinal comum em cães e gatos chamado Ancylostoma caninum.

O animal infectado, ao defecar na areia, libera ovos desse verme, que se transformam em larvas e podem penetrar na pele das pessoas, causando feridas, além de uma forte coceira. As partes do corpo mais afetadas são os pés, pernas e mãos. As larvas são muito resistentes as ações do meio ambiente, tais como calor, frio, umidade e seca, podendo permanecer no ambiente por até um ano.

Inicialmente, para prevenir a possibilidade de seu animal transmitir a doença, ele deve ser submetido a exames de fezes a cada seis meses e, se necessário, vermifugado. RecoIher as fezes do seu animal em locais públicos também ajuda a evitar o problema.

Em termos legislativos, a entrada de cachorro na praia é proibida. Entretanto, não há nenhuma fiscalização por parte dos municípios da Região.

De acordo com o médico veterinário Celso Filetti, o ideal não era uma punição ao animal, uma vez que a prisão do mesmo pode gerar uma série de desconfortos, tais como um possível confronto entre animal e fiscalizador. Segundo ele, o dono que deve ser punido e, sobretudo, ocorrer uma fiscalização por parte das auto-ridades competentes. “Se tivéssemos fiscais treinados, a situação melhoraria bastante. Eles pegariam a identidade do dono e aplicaria uma multa. Essa seria uma forma de solucionar o problema e normalizar a situação”, avalia.

“A Clínica Filetti, inclusive, abriria suas portas para ajudar nessa fiscalização. Caso qualquer município da Região acate a idéia, nós poderíamos montar um curso para treinar esses fiscalizadores, afinal, o nosso trabalho é social”, salienta o veterinário.

COLEIRA E FOCINHEIRA

A não utilização da coleira em cachorros, sobretudo nos de grande porte, também causa polemica, uma vez que diversos ataques já foram noticiados por todo o País.

Para Filetti, muitos donos não utilizam a coleira, porque querem demonstrar controle sobre o animal. Entretanto, algumas situações provam justamente o contrário e, em algumas ocasiões, até tragédias podem acontecer. “Há casos em que o cachorro está passeando sem coleira e, de repente, vem outro cachorro com coleira em sua direção. O dono do cachorro encoleirado puxa o animal para evitar algum confronto, mas o sem coleira, assustado, corre para a rua e acaba gerando um atropelamento”, avalia Filetti.

O veterinário ressaltou, também, a importância da coleira no combate as doenças «Um cachorro sem coleira, por exemplo, pode comer alimentos que estejam espalhados pelo caminho, contraindo uma possível infecção e, posteriormente, repassando para o homem», diz. Além disso, o veterinário ressaltou que animais não adestrados devem utilizar a coleira peitoral, uma vez que, em sua maioria, esses cachorros não costumam acompanhar o ritmo de seu dono e impõem uma caminhada acelerada. “Caso o cachorro seja puxado com a co-leira tipo enforcadeira, o animal pode ter o fluxo de sangue que vai para o cérebro interrompido, o que causaria desmaio ao animal”, ressalta.

Além disso, dependendo da espécie ou da agressividade do animal, a utilização de focinheira também é recomendada. Muitos donos dizem que seu animal é manso, mas esquecem que o cachorro pode ser manso numa situação normal, sem a presença de muitas pessoas ou animais ao seu redor. “É claro que existe o problema de índole comportamental, mas 90% dos casos de agressividade é culpa do próprio dono. Há quem não socialize o seu cão, deixando o animal trancado em casa durante o dia inteiro”, conta o veterinário. “Quando o cachorro chega na rua, ele não está ambientado com aquele cenário e, obviamente, fica excitado com a situação”, completa.