Nesta terça-feira (25), às 18h, será realizada audiência pública na Câmara Municipal de Santos para debater o crescimento da população de pombos na cidade, hoje estimada em 300 mil aves. A intenção é discutir o planejamento e as estratégias que serão adotadas para o futuro aproveitamento das aves como atração turística. A audiência, solicitada pela vereadora Fernanda Vanucci, terá a presença do professor Roberto Patella, um estudioso no assunto. O encontro é aberto à população.
Segundo pesquisa realizada pelo médico veterinário Eduardo Filetti, junto com alunos do curso de Ciências Biológicas da Universidade Santa Cecília (Unisanta), estima-se que em Santos existam dois pombos para cada três pessoas. A quantidade de aves impressiona, mas Filetti explica que os estudos realizados com pombos revelam que os males que eles podem causar não são tão alarmantes. “Desde 1995 realizamos pesquisas sobre o perfil parasitológico com o auxílio do professor Roberto Patella e ficou confirmado que os próprios animais não transmitem doenças, mas sim as suas fezes”, esclarece.
A maior incidência das aves é na área portuária, principalmente perto dos terminais graneleiros, onde há grande quantidade de grãos que caem dos caminhões. “O aumento dos animais é inevitável, pois os locais são propícios para construir ninhos, e, além disso, a urbanização da cidade espantou os gaviões, que são os predadores naturais dos pombos”, explica o veterinário.
Risco está nas fezes
Segundo Filetti, as fezes ainda úmidas podem causar dermatites, conjuntivites e algumas alergias, já as fezes secas são mais perigosas, pois liberam um fungo que ocasiona doenças respiratórias graves. “Até mesmo para realizar a limpeza de locais em que haja fezes do animal recomenda-se molhar a área suja e utilizar luvas para evitar contato direto, evitando doenças”.
No Brasil, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) protege as aves de qualquer espécie e, segundo a Lei Ambiental 9605, os pombos são considerados animais domésticos e matá-los é considerado crime inafiançável passível de pena de até 5 anos. A solução cabível, na opinião do veterinário, seria fazer uso de métodos contraceptivos que estabilizassem a população de pombos na cidade. “O ideal seria que o governo fornecesse uma alimentação com anticoncepcional para conter o aumento das aves, além de utilizar falcões de gesso que intimidam o animal”, destaca.
Distanciando a imagem dos animais do título de praga urbana, o veterinário destaca uma alternativa para aproveitar a presença dos animais na cidade. “Eu não considero pragas urbanas, só são chamados assim porque acabamos mexendo no ecossistema e eles estão em abundância, por isso deveríamos aprender a lidar com os pombos como um atrativo turístico, assim como acontece em cidades da Europa”, sugere.
“Atraindo-os para perto do Terminal de Passageiros e distanciando-os dos graneleiros, pode haver uma área para eles e, dessa maneira, seria possível controlar sua proliferação”, completa Filetti.