Os ratos são um problema de milênio, pois sua presença é tão antiga quanto a civilização e a humanidade foi obrigada a conviver com esses animais importunos e perigosos. Existem numerosas espécies de ratos, estando duzentas delas catalogadas no Brasil. Na categoria dos considerados “caseiros” três são as espécies que se aclimataram no País, como nas demais pares do mundo, constituindo uma praga não só incômoda, como perigosa à saúde pública. Eles destroem anualmente milhões de toneladas da produção mundial de cereais armazenados. Muitos outros produtos depositados podem ser também atacados pelos ratos, como rações, farelo, farinhas, diversos grãos, inclusive melões encaixotados. Nos galinheiros devoram tudo que encontram. Tais como rações, pintos e até galinhas, deixando seus cadáveres despedaçados, o que denuncia sua presença. Já foi constatado ratos até penetrando nos frigoríficos, cujas temperaturas empregadas variam de menos 40 a mais 5 graus centígrados. Inobstante esses estragos, depreciam a qualidade dos produtos armazenados, com sua urina, excrementos e inhaca, cujas partidas contaminadas, inclusive café, são desenvolvidas pelos importadores, em virtude de sua condenação pela fiscalização sanitária dos países compradores. Esses roedores são vetores das bactérias que provocam a icterícia e a peste bulbônica. È através de mordidas, pulgas, ácaros, urina e excrementos que esses roedores que transmitem cerca de dez moléstias ao homem. E está comprovado que qualquer de suas espécies está sujeita à peste bulbônica, a qual é transmitida geralmente pelas pulgas. Para podermos ter um juízo da importância dessa moléstia, produzida pelo bacilo Pasturella pestis, basta citarmos a pandemia surgida na Mesopotâmia, no século XI, causou a morte de 25 milhões de pessoas. A última pandemia que teve início na China, em 1871, atingiu quase todos os países do mundo, inclusive o Brasil. Aqui os primeiros casos dessa moléstia surgiram em Santos, em fins do século passado. A moléstia alcançou alguns Estados do Brasil. Conforme dissemos no começo desse artigo, três são as espécies que foram introduzidas no Brasil, assim descritas: a ratazana, rato da Noruega ou rato cinza das calhas (Rattus norvegicos), que mede 20 cm de comprimento com cauda de 1 a 2 cm menor que essa dimensão, de coloração bruno-avermelhada por cima e por baixo uma coloração mais clara, possui orelhas grossas e curtas, olhos pequenos e nariz arredondado. É o rato de maior tamanho, quando adulto seu peso pode atingir até 450 gramas. Prefere alimentar-se de rações e grãos armazenados. O rato negro, rato de barco onde telhado, rato de paiol (Rattus rattus) atinge até 16 cm de comprimento, com a cauda mais longa (19 cm) e um colorido mais uniforme quase preto. Orelhas finas e grandes e nariz ponteagudo. Pesa de 220 a 340 gramas, quando adulto. Este rato prefere se alimentar de grãos armazenados e rações. O camundongo ou catita (Mus musculus) mede 18 cm de comprimento ao todo, de colorido uniforme ardósia escuro, pesando de 15 a 25 gramas. Trata-se do menor roedor doméstico, bastante disseminado no Brasil e no mundo. Come grãos armazenados , ração e espigas no pé. O fato do rato caseiro ou do mato roerem material duro, não comestível, é explicado pela necessidade do animal atenuar o crescimento constante de seus dente. Por isso, roem madeira, cabos de gás, cabos condutores de energia elétrica, provocando incêndios, às vezes, devido a curto-circuito. Em 1979, os ratos vinham causando estragos nos cabos elétricos do Metrô de São Paulo. Publicação: A Tribuna – Sábado – 05/08/1989 – Seções – Página 19 – por Julio di Paravicini Torres