Todos estudos sobre pombos geram muitas polêmicas, pois são aves que muitas pessoas gostam e outras não tem tanta afinidade.
Nosso trabalho foi realizado nas cidades de Santos e São Vicente nos anos de 1995/96 e 2005/2006 e trabalhamos com fezes a fresco, ou seja, coletávamos as fezes no momento que as aves defecavam. Dividimos a cidade em vários pontos e de madrugada colocávamos alimentos para as aves em cima de um plástico transparente (2 x 2 metros). Fazíamos o trabalho de madrugada, porque fica mais fácil delas se alimentarem neste horário devido ter menor trânsito e menor número de pessoas na rua. As aves quando comem, geralmente defecam em seguida. Este material era coletado pela nossa equipe e levado para o laboratório. Paralelamente fazíamos um trabalho de bioestatística para avaliar o número de pombos da região.

Não precisa ser um estudioso no assunto para saber que qualquer animal racional ou irracional pode transmitir doenças. Nem o maior defensor da natureza iria afirmar o contrário. No valoroso ‘lll Congresso Internacional de Controle de Vetores e Pragas’, a colega Dra Eunice Santos Martini, do Centro de Controle de Zoonoses cita diversos tipos de doenças que podem ser transmitidas pelos pombos – a Criptocococse; que se instala principalmente em pessoas com a imunidade baixa, e a transmissão se dá por meio da inalação de poeira com fezes dos pombos contaminadas pelo fungo (fezes secas).

Já a Histoplasmose, que causa problemas respiratórios, também é adquirida por meio da inalação de poeira contendo fezes contaminadas dos pombos. Como podemos observar, o maior problema que os pombos podem estar causando são por meio de fezes secas que muitas vezes ficam nos tetos e galpões. A terrível e temida toxoplasmose, que entre outros problemas podem causar cegueira em seres humanos, é por muitos atribuída aos pombos.

Para transmitir estas doenças, somente por meio da ingestão da carne de pombo mal passada.

Resumindo, a pessoa teria que comer um pombo ‘contaminado’ e ainda assim a carne estar crua, o que não é comum no nosso país. Quem nunca escutou que alguém ficou cego por causa de doença de pombos? Você conhece alguma pessoa que come pombos? Se conhecer, a carne da ave tem que estar contaminada e mal passada, o que convenhamos é  bem difícil de acontecer. Sobre outras doenças citadas no estudo como a Salmonelose, é transmitida por fezes de animais e por nós, seres humanos. Quem nunca leu em jornais ou revistas sobre festas que tinham maionese contaminada por salmonelas e no outro dia vários convidados foram internados no hospital com sintomas gastrointestinais por salmonelose, transmitida por falta de higiene e contaminação de alimentos com fezes humanas?

Não sou defensor dos pombos; Sou um humilde defensor da natureza da vida, seja ela como for. Quem ler o nosso trabalho, nosso estudo na íntegra, perceberá que tenho muita preocupação com as fezes secas destas aves (que não são motivo ainda do nosso estudo). Peço que quando forem limpar locais com este tipo de situação, o fazerem com goro e máscara e molharem o local antes para evitar a dispersão de poeira que podem conter fezes dos pombos, que se contaminadas podem causar doenças em indivíduos predispostos.

Vamos iniciar com a UNISANTA um grande trabalho sobre os pombos na região para termos um maior controle sobre estas aves. Não adianta ficarmos reclamando sobre elas sem mostrar soluções, pois elas são protegidas por lei federal e qualquer abuso contra essas leis será considerado crime. Temos que ser racionais e propor aos nossos governantes um controle de natalidade por meio de anticoncepcionais (que podem ser dados na comida) e evitar o derramamento de grãos principalmente na área portuária, pois como não temos predadores para estas aves, com alimentos em abundância com certeza vão se reproduzir em larga escala causando mais problemas.

Sonho no dia em que poderemos utilizar essas aves para o nosso complexo turístico, como na Europa, onde as aves são alimentadas com rações balanceadas (anticoncepcionais) e servem de atrativo para o turismo gerando divisas. Já pensou ir para Veneza ou Milão e não ver estas aves naquele cenário maravilhoso! Com práticas corretas e otimismo poderemos utilizar os pombos em prol dos seres humanos e tornando nosso mundo melhor.