A incidência de tumores mamários é mais acentuada nos cães do que nos seres humanos.

Estudos realizados por norte-americanos e canadenses mostram que, na mulher, os tumores de mama são três vezes menos frequentes, na proporção de 230 casos para 100 mil cadelas.

Os tumores são raros em animais novos. A frequência aumenta a partir dos sete anos de idade da cadela. Parece não existir predisposição racial, apesar de alguns autores terem observado sua maior frequência em animais de raça pura.

Nenhuma predisposição familiar foi relatada nós estudos das várias universidades do mundo.

A ovário-histerectomia. ou seja, castração da cadela por intermédio da retirada do seu útero e ovários, em fêmeas jovens exerce efeito preventivo: se for feita antes do primeiro cio, ela reduz o risco tumoral a 0,5 em relação ao de uma cadela normal. Para certos estudiosos, o adiamento desta cirurgia diminui o efeito preventivo e será. nulo se a intervenção ocorrer depois de 2,5 anos de vida da cadela.

Atualmente, não é possível detectar influência da frequência da lactação e do número de partos sobre o aparecimento dos tumores.

Sabe-se apenas que cadelas que tiveram crias têm menor incidência de tumores mamários que as cadelas que nunca pariram.

A influência de hormônios produzidos pela glândula hipófise também tem sido pesquisada. Para alguns autores, a secreção ‘descontrolada é de prolactina
(hormônios responsável pela produção de leite) seria mais importante no aparecimento de tumores mamários, mas estes resultados têm sido negados por outros estudiosos.

O mesmo pode ser dito sobre alteração nas concentração de outros hormônios produzidos pela hipófise, como o GH, FSH e LH, encontrada em cadelas portadoras
de tumores mamários, embora não se tenha ainda qualquer conclusão.

Já os anticoncepcionais são causadores de tumores em cadelas após sua administração por períodos prolongados e/ou doses muito elevadas. Por isso, os anticoncepcionais injetáveis, cujo efeito dura seis meses,são contra-indicados.

CARACTERÍSTICA DO TUMOR

A maioria dos tumores aparecem nas mamas que ficam sobre o abdômen. As outras são raramente atingidas. Em mais de 40% dos casos, a cadela é portadora de tumores malignos associados a benignos. As características dos tumores de mama são muito variáveis em número, posição, forma, consistência etc.

Quando muito grandes, os tumores podem arrebentar dando margem à contaminação externa e ao aparecimento de infecções no local da ferida.

Para verificar se um tumor é benigno ou maligno, deve-se fazer a biópsia, recorrendo à classificação da Organização Mundial dê Saúde.

Sob esse ponto de vista, mais de 50% dos tumores de mama são malignos (cancerosos). Sem análise em laboratório, é difícil diferenciar um tumor benigno (displasia mamária) do maligno. A displasia é encontrada em 10% de casos. Por outro lado, é muito frequente se evidenciar as displasias associadas a um tumor.

EVOLUÇÃO DO Câncer

Após a cirurgia, de 25% a 50% dos tumores cancerosos produzem metástases, ou seja, reaparecem em outras regiões do corpo. Isso geralmente ocorre após um ano da retirada inicial.

As metástases se desenvolvem nos pulmões (80%) e nos gânglios. Secundariamente em outros órgãos (fígado, rins, baço, encéfalo etc.). Contrariamente aos casos em outras espécies, o esqueleto é raramente atingido.

O tratamento mais indicado, em tumores mamários bem localizados e superficiais, é a cirurgia. Quando o tumor é bem delimitado e não atingir os órgãos internos, o diagnóstico é favorável. Se ele está disseminado na pele e órgãos internos, a cirurgia será trabalhosa.

EDUARDO RIBEIRO FILETTI é MÉDICO VETERINÁRIO, PROFESSOR Universitário, PÓS GRADUADO EM SAÚDE PÚBLICA, ESPECIALISTA EM CLÍNICA E CIRURGIA DE CãES E GATOS, PÓS GRADUADO EM FITOTERAPIA, DIRETOR DO CURSO DE AUXILIAR DE MEDICINA Veterinária FILETTI, APOIADOR E VICE PRESIDENTE DA SOS ANIMAIS DE RUA.